sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PORTO SUL - A ENRC poderá salvar a BAMIN?

Boa noite, amigos !
Segue, conforme prometido, publicação do segundo capítulo traduzido da crítica de Roger Moody ao Projeto Pedra de Ferro / Porto Sul ... Foi publicado hoje (11/09/14) em Londres pelo site da Nostromo Research www.minesandcommunities,org e amanhã 12/09/14, será publicado pela London Mining Network. Façam bom proveito...
CAPÍTULO 2
A ENRC poderá salvar a BAMIN?

Depois de ser forçada a se retirar da Bolsa de Valores de Londres, em dezembro de 2013 - seis meses após o escritório de fraudes sérias do Reino Unido (SFO) ter iniciado uma investigação sobre suas relações supostamente corruptas e por má gerência corporativa. Os três oligarcas que fundaram a empresa, Alexander Mashkevich, Alijan Ibragimov e Patokh Chodiev, prontamente levaram a empresa de volta ao Cazaquistão e privatizaram-na.
Nove meses antes, em março de 2013, a ENRC teve que escriturar um prejuízo de US$ 1,5 bilhão, grande parte devido a um contrato "oneroso" travado com a empresa de alumínio da Rússia, a Rusal, para a qual teve então que fornecer alumínio com preço abaixo do mercado [Daily Telegraph 13 de março de 2013].
Cinco semanas depois, em 21 de abril de 2013, o Sunday Times revelou que os três oligarcas foram atrás de uma possível oferta para a aquisição da ENRC - um movimento que violaria as disposições da Lei de Sociedades do Reino Unido. Dentro de dias, três altos executivos se desligaram da empresa e o quarto anunciou uma "licença". Mehmet Dalman, o presidente da ENRC, também entregou a sua notificação, para ser prontamente substituído por Gerhard Ammann, diretor não-executivo da ENRC e presidente do Banco Von roll, um banco privado suíço. [Financial Times 24 de abril de 2013]. - uma instituição que se orgulha de exercer "poder discricionário" para lidar com os clientes
Logo após, o escritório de fraudes sérias do Reino Unido lançou sua investigação criminal sobre as práticas comerciais da ENRC, inicialmente para descobrir se a ENRC tinha infringido as regras da Grã-Bretanha para companhias abertas, especificamente por aquisições que fez na República Democrática do Congo e uma venda em 2012, da Companhia Zhol Zhondeushi de reparos de linhas ferroviárias , a uma pessoa ligada à família de um dos co-fundadores da ENRC [Reuters 30 de abril de 2013]. A investigação do escritório não excluiu a apuração de outras acusações que foram feitas contra a ENRC em outras partes do mundo.
Em outubro de 2013, a Kazakhmys - outro grande conglomerado de metais cazaque - tinha vendido suas cotas de participação na ENRC de volta para a empresa e, em dezembro, a ENRC mudou seu nome para ERG (Eurasian Resources Group), refletindo a privatização da empresa [Steel First 29 de janeiro 29 de 2014 ], mas não sugerindo qualquer mudança significativa de controle corporativo.
Indo para o mar em uma peneira: O que a ENRC deve pagar de volta
O ano de 2014 se iniciou e o trio de oligarcas se viu confrontado com o enorme peso da dívida no exterior.
O primeiro entre os seus credores foram dois bancos russos, Sberbank e VTB, que tinham liberado para a ENRC US$ 1,7 bilhão de empréstimos em 2012, por um período de cinco anos, a uma taxa de juro de cerca de 7-9 por cento. Isto somado à própria dívida de US$ 6 bilhões da ENRC - a maioria dos quais tinha sido usada para sustentar o financiamento de várias aquisições ao redor do mundo nos anos anteriores – incluindo a BAMIN.
Parece que a ENRC emprestou consideravelmente mais dos bancos russos ao longo dos próximos meses. Em maio de 2013, de acordo com o Financial Times, a dívida líquida total ainda era de US$ 5,7 bilhões , dos quais "US $ 4 bilhões eram devidos à VTB e Sberbank - $ 2 bilhões para cada um" [Financial Times 13 maio de 2013].
Enquanto isso, os acionistas minoritários da empresa estavam, compreensivelmente, perguntando-se se a empresa tinha um futuro viável, e se eles deveriam vender suas participações antes que elas caíssem ainda mais. Destaca-se entre eles,o bilionário russo Suleiman Kerimov, que adquiriu 2,86% de participaçãpo na ENRC após a companhia ter completado quatro anos de baixa em abril de 2013....
Os motivos de Kerimov para fazê-lo parecem ser bastante simples .. Segundo o Financial Times, ele tinha: "Entendido que havia comunicado por escrito aos reguladores do Reino Unido que os seus interesses estavam alinhados com a minoria na busca de uma oferta de compra mais elevada [da sua participação] pela ENRC"
No entanto: "Uma pessoa com conhecimento da situação disse que o Sr. Kerimov teve um cálculo financeiro mais bizantino em mente, envolvendo suas participações no Sberbank e no VTB, dos quais ele é conhecido como um dos maiores acionistas privados. Os dois bancos estavam em negociações para financiar a compra dos acionistas minoritários [da ENRC]. "[Financial Times ibid].
Se isso prenunciava um movimento por parte dos bancos russos para realmente tomar posse da ENRC, primeiro comprar as minorias, era (e é) altamente especulativo. No entanto, o Financial Times descreveu o Sberank e o VTB como "em situação de monopólio virtual com relação ao financiamento de tal negócio. “
"Eles são considerados os dois únicos bancos do mundo com liquidez suficiente ... para emprestar os bilhões necessários para comprar a minoria ... que poderia exigir até US$ 8 bilhões em finanças para cobrir a compra de ações, bem como para financiar os empréstimos que poderiam cair por causa dos acordos de mudança de controle ".
Assim, é possível que Kerimov não estava tão interessado em ajudar a ENRC à sobreviver, como estava na salvaguarda dos balanços do VTB e do Sberbank. "Se o negócio da compra falhasse, analistas temiam que as conseqüências poderiam ser desastrosas para a ENRC, potencialmente expondo seus principais credores a perdas" [Financial Times, ibid].
Seja qual for a situação dos trabalhos em curso entre a ENRC e os credores, as questões mais candentes que vem pedindo ao longo dos últimos dois anos são: "Qual de nossos ativos deveríamos tentar vender ? Quem seriam os possíveis interessados em comprá-los? E quais os termos que eles ofereceriam? "
Em fevereiro de 2014, Reuters não tinha dúvidas de que a empresa iria "ter que vender seus ativos internacionais, incluindo as suas minas de cobre lucrativas na República Democrática do Congo, na sequência de uma crescente pressão para pagar os grandes empréstimos que haviam tomado no ano anterior". [Reuters 3 de fevereiro de 2014]. As minas do Cazaquistão estão potencialmente também à venda.
No entanto, a Reuters avisou que havia dois projetos que "seria mais difíceis de vender" Estes eram os "projetos de minério de ferro da ENRC no Brasil [BAMIN] e um projeto de carvão em Moçambique ... Nos ativos brasileiros ... falta uma licença “chave” para o porto. O projeto de carvão greenfield* em Moçambique (*refere-se a um projeto que está sendo concebido e executado onde não existe atualmente uma organização empreendedora, ativo ou operação - próximo aos problemáticos ativos da Rio Tinto em Riversdale, que provocaram um prejuízo de quase US$ 3 bilhões no ano passado - está competindo com outros ativos maiores para venda na mesma área "[Reuters ibid; ver também o capítulo IV: Portos em uma tempestade].

Não conte com a Glencore
Até o momento, nenhuma empresa de mineração se ofereceu para comprar qualquer uma das minas da ENRC, nem mostrou muito interesse em fazê-lo.
Tem havido muita especulação, especialmente no Brasil ao longo dos últimos quatro anos, de que a Glencore - empresa de comércio de minerais mais poderosa do mundo - poderia fazer alguma sociedade com a ENRC como proprietária atual da BAMIN, com propósito de ter acesso ao minério de ferro da sua mina de Caetité ( Ver Capítulo 1)
No papel, parece que os ativos da Bamin podem ser atraentes para a Glencore, se fossem oferecidos a um preço que ela estivesse disposta a pagar.
Mas, na realidade, o atual projeto Pedra de Ferro mina-a-porto está sobrecarregado com responsabilidades significativas, ligadas à própria mina e para obter qualquer saída para o mercado de exportação. Além disso, a Glencore tem interesses existentes em várias outras minas de minério de ferro já em produção ou bem próximas de produzir. Ela poderia muito bem pender para outras fontes de minério de ferro que são potencialmente mais gratificantes do que aquelas que pertencem à BAMIN - notadamente em Simandou, na Guiné (ver Capítulo Quatro: Portos em uma tempestade), em outros lugares no Brasil e no Cazaquistão.
Antes que a Glencore Internacional pudesse ir à público na Bolsa de Londres em junho de 2011, ela teve que revelar uma quantidade muito grande de informações, anteriormente mantidas em segredo, e que constam agora em seu documento pré-IPO ( Pré Oferta Pública Internacional) .
Dentro de uma semana, a empresa anunciou específicamente que não estava "refletindo" uma oferta para fazer para a ENRC, embora "se reservasse o direito de fazer uma oferta no futuro". [Dow Jones Newswires 24 de junho de 2011]
Naquele mês, a Metal Bulletin - contando com os dados contidos no documento pré-IPO da Glencore - fez uma estimativa do tamanho da participação da comerciante de commodities no mercado global de minério de ferro. Esta apresentou um crescimento na entrega, saíndo de menos de um milhão de toneladas em 2008 para 9,3 milhões de toneladas em 2011 [Metal Bulletin, 31 de junho de 2011].
No início de 2011, a Glencore assinou "acordos de decolagem" ** (** acordos de ajuda financeira) com duas mineradoras de minério de ferro em fase de desenvolvimento. A primeira foi com a Core Mining, ativa na República Democrática do Congo e no Gabão. A segunda foi com a London Mining plc, cuja mina Marampa em Serra Leoa iria logo entrar em produção comercial.
No ano seguinte (2012), a Glencore comercializou globalmente cerca de 20 milhões de toneladas de minério de ferro [Steel First 12 de setembro de 2013]. Ela também foi alvo de "rumores" de estar "de olho no Cazaquistão, rico em minerais", como uma nova fonte de minério de ferro, tendo já feito propostas para o governo do Cazaquistão a este respeito.
Citando o Liberum, um banco de investimentos em Londres, o Metal Bulletin observou que a "produtora de minério de ferro cazaque Eurasian Natural Resources Corp (ENRC) poderia ser um alvo de atenção da Glencore ... Acreditamos que a ENRC seja um alvo de aquisição vulnerável dada a inquietação dos investidores após mudanças de gestão e aquisições recentes controversas "[Metal Bulletin, 31 de junho de 2011]
Investidores chineses também estariam "farejando" a BAMIN no Brasil. De acordo com John Lichtenstein da consultoria Accenture do Reino Unido, a indústria siderúrgica chinesa se tornou mais agressiva nos cinco anos seguintes em sua busca para garantir o fornecimento de minério de ferro. "Nós não descartamos um lance para grandes empresas. As companhias chinesas e indianas vão continuar, agressivamente, a adquirir mineradoras brasileiras. Isto pode acontecer em uma série de pequenos passos, mas uma " grande mordida 'coordenada não pode ser descartada "[Dow Jones Newswires 24 de junho de 2011],
Nessa época, a BAMIN nomeou José Francisco Martins de Viveiros, anteriormente com a maior fabricante de aço do mundo ArcelorMittal, para chefiar suas operações, após quatro diretores da ENRC abandonarem seus postos, graças às críticas crescentes do estado precário de governança interna da ENRC. .
Naquele momento, as ações da ENRC já estavam caindo de valor, e, conforme relatado pela Dow Jones: ". Ambientalistas ... estão firmemente se opondo ao projeto no Brasil"
Fábio Feldman da Fábio Feldman Consultores comentou que "A mina [da BAMIN] irá operar por 15 anos, o que é um período muito curto para justificar o total R$ 6 bilhões de investimentos em porto e ferrovia em uma área ambientalmente sensível". [Dow Jones ibid]
Ele acrescentou: "A Bahia Mineração diz que está buscando investidores estrangeiros, mas quem é que vai entrar nessa? Os trens levariam minério de ferro para a costa e voltariam vazios ... Sem uma rota de transporte, o projeto não pode ir adiante . "[Dow Jones ibid [
Decolando - Ou não...
Passados mais de três anos, parece ter havido pouca ou nenhuma perspectiva para a ENRC captar recursos junto a bancos comerciais ocidentais para pagar suas dívidas. Ao invés disso, a empresa agora parece estar mirando as empresas de comércio de commodities globais, como a Glencore, para assinar "acordos de decolagem" para aquisição de minério-futuro.
Se aplicado ao projeto Pedra de Ferro, tal acordo criaria o compromisso de empresas comerciais comprarem a produção da mina da Bamin em Caetité a taxas preferênciais. Ao invés de pagar uma conta muito mais cara envolvida na compra da empresa ou do projeto a título definitivo, isso também evitaria o risco de investir em uma mina que, “quando o botão do pedido é apertado, o produto não é entregue”.
O Mining Journal observou , em julho deste ano, de que a Glencore estava" se comportando como uma espécie de banco após os bancos terem parado a negociação de commodities ... A Glencore e outras (comerciantes) cobram uma taxa de cobrança para o serviço, e também obtém acesso aos produtos sobre os quais pode adicionar uma outra taxa "[Mining Journal, 25 de julho de 2014].
A Glencore atualmente comercializa cerca de 60 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. [Steel First 18 de agosto de 2014]. - Acima dos apenas 20 milhões de toneladas dois anos antes. Seus clientes contrataram, e esperam, entregas seguras, pontuais e a um preço previamente acordado. (Apesar de salientar que a Glencore também participa da troca de opções futuras de minério de ferro).
A empresa tem uma invejável flexibilidade. Se o fornecimento ficar limitado por qualquer razão, em uma mina específica, ele pode ser transferido para vir de outra, uma vez que a Glencore também controla uma grande rede de transporte global.
No entanto, fazer isso tem um preço, e a substituição de minério de uma mina por outra pode ser problemático, pois a qualidade e os tipos de minérios diferirem significativamente entre as várias operações. E, enquanto a Glencore - como seus rivais - está sempre à espreita de novas fontes potenciais de minério, enfrenta restrições internas sobre os custos, que estão crescendo.
Em uma conferência sobre a estratégia de negócios futuros da Glencore, em setembro do ano passado, a Steel First apontou que:
- "Cortando custos, agilizando negócios, economizando...: estas são as principais prioridades para a Glencore ... Um esclarecedor desembrulho do negócio de minério de ferro da empresa foi postado em seu site ... detalhando a aplicação pela Glencore de rigorosa disciplina de custos para o seu negócio com minério de ferro "
Os objetivos da Glencore foram:
* Integrar as operações de minério de ferro em todo o negócio, buscando economia de US$ 19.3 milhões e cortar o quadro de pessoal em 50%.
* Auxiliar novos produtores na Austrália e no Brasil, com a entrada no mercado, com destaque para a tomada de financiamento “ de decolagem “ como um fator chave.
* Mercado de minério de ferro fora dos padrões Pilbara tradicionais e especificações brasileiras.
* Obter produtos a partir de uma gama de clientes, desde as pequenas até as quatro grandes - Vale, BHP Billiton, Rio Tinto e Fortescue Metals Group (FMG).
A Glencore descreveu seu modelo de minério de ferro como "ativo leve", com um perfil de pequena compra de ações de minas em início de produção, e disse que seus parceiros “ de decolagem “ incluem os produtores do Oeste Africano London Mining, African Minerals, e Bellzone, bem como a Strategic Minerals, focada na produção americana de magnetita.
Em junho de 2014, a Glencore também forneceu um exemplo da influência política que poderia exercer para promover as fortunas de outro de seus ativos minerais. Ele assinou um contrato que estava muito atrasado com a empresa estatal de mineração da Mauritânia, SNIM, que permitiu-lhe começar a explorar a mina de minério de ferro Askaf. em troca disso, a Glencore foi autorizada a utilizar as instalações ferroviárias, portuárias e de armazenagem existentes no país, para fins de exportação, em um montante estimado de 7,5 milhões de toneladas por ano). [Reuters 2 de junho de 2014]

A isca brasileira
A Glencore já identificou uma participação de 4% que detém na Ferrous Resources do Brasil, que combinada com um acordo “ de decolagem “, vai lhe dar o potencial de crescimento no Brasil" [Steel First 12 de setembro de 2013] ..
A Ferrous Resources tem três minas de minério de ferro ativas no estado de Minas Gerais, e propôs a construção de uma outra na Bahia, embora ainda pareça estar trabalhando na implementação de um "sistema de logística integrada", incluindo o desenvolvimento de um significativo mineroduto através de três estados brasileiros, bem como a construção de um novo terminal portuário no Espírito Santo. [Steel First, ibid]
Este plano é semelhante ao sistema de infra-estrutura existente usado pela joint venture da Vale-BHP Billiton Samarco. Mais de 20 milhões de toneladas anuais de pelotas de ferro e concentrado é produzido em sua mina de Germano, em Minas Gerais, e depois enviado através de um mineroduto de 396 km para o terminal de Ponta Ubu, no Espírito Santo.
Até certo ponto, ele também se compara ao projeto Pedra de Ferro da BAMIN - a principal diferença é que este plano não tem (pelo menos ainda), envio via mineroduto para o porto ...
O "material" destes dois países sozinhos representavam mais de 60% da tonelagem de minério comercializados pela empresa no ano passado, com o material do Oeste Africano contribuindo com 20%, e do Canadá e resto do mundo, os restantes 18%. [Steel First ibid].
Não há dúvida de que a empresa continuará empenhada em fazer negócios no Brasil e na Austrália. Afinal, estes são de longe os dois principais países produtores de minério de ferro do mundo .. .
Mas não devemos pular para a conclusão de que a Glencore está pensando seriamente em fazer uma proposta pela BAMIN. Ela já tem produtores comerciais suficientes para escolher.
Uma delas é a Anglo American plc, que tem "sido apontada como um possível alvo de aquisição" pela Glencore [Steel First ibid]. Na verdade, não há praticamente nenhuma perspectiva de que a Glencore faça uma proposta para a sua colega mineradora listada em Londres, em um futuro próximo [Moneyweb 04 de setembro de 2014].
No entanto uma parte essencial do portfólio da Anglo American é um dos projetos de minério de ferro mais promissores no Brasil, chamado Minas Rio, e este estava certamente no horizonte da Glencore logo depois que ele foi autorizado a operar.
A Anglo American diz que o Minas Rio vai entrar em produção comercial no final de 2014, com a produção subindo para cerca de 25 milhões de toneladas por ano.
Isso está muito longe da previsão da então CEO da Anglo, Cynthia Carroll, em 2007, de que iria produzir "mais de 100 milhões de toneladas [de minério de ferro] por ano nos próximos cinco anos" [Financial Mail 11 de outubro de 2013].
O Minas Rio sofreu enormes estouros de orçamento, no valor de quase US$ 9 bilhões - mais de cinco vezes o que a Anglo American pagou para aquisição de 49% do Minas Rio, juntamente com uma subscrição de ações. Durante o exercício de 2012-2103, a Anglo American teve que escriturar o valor do Minas Rio por nada menos que US$ 4 bilhões após impostos [Financial Times 29 de janeiro de 2013].
Em outubro de 2013, Charlotte Mathews, escrevendo no Financial Mail da África do Sul, comentou: "É altamente duvidoso que a Anglo American assumiria o ambicioso projeto de US$ 8,8 bilhões da Minas Rio, desde a mina de minério de ferro - mineroduto - porto no Brasil em condições de mercado como as de hoje "[Financial Mail, 11 de outubro de 2013]. (ver também Capítulo Quatro: Portos em uma tempestade}
Lugares Comerciais
Quase um ano depois e essas condições de mercado tornaram-se muito piores (ver capítulo III).
A Glencore, ou qualquer um dos conglomerados rivais comerciantes de comodities, estariam extremamente temerários em planejar uma aquisição pura e simples da BAMIN ...
Por outro lado, há uma possibilidade de que um ou outro deles possam assinar um contrato de fornecimento de minério de ferro - o chamado "acordo de decolagem" - com a BAMIN, mas apenas “se e quando” a produção comercial começar (atingindo, por exemplo, 10 milhões de toneladas por ano).
No verão de 2014, o Metal Bulletin informou que a ENRC manteve "conversas abertas com cinco das maiores empresas de comércio de metais do mundo para terceirizar os direitos de marketing para seus produtos em troca de pré-financiamento de material" [Metal Bulletin, 09 de julho de 2014].
As empresas foram identificadas como Trafigura (que perde apenas para a Glencore como comerciante de metais global), Glencore, Traxys, Mitsui and Noble.
Algumas dessas conversas foram realizadas no primeiro trimestre de 2014, "mas podem ter sido diminuídas ou terminaram porque a ENRC garantiu condições mais favoráveis de seus bancos sem a participação das tradings", relatou a Metal Bulletin.
É claro, e igualmente possível, que foram a Glencore e os seus colegas comerciantes que arrefeceram os ânimos diante de quaisquer "ofertas" que podem ter sido apresentadas pela ENRC / ERC, e não há nenhuma evidência de que os oligarcas do Cazaquistão chegaram à qualquer lugar com os bancos, apesar de parecer que sim, ao invés da propria empresa.
E o que o "pré-financiamento de material" significa na prática ?
- O fato é que a mina de Caetité ainda tem um longo caminho a percorrer antes de atingir a produção anual muito modesta de um milhão de toneladas por ano. Muitos meses estão sujeitos à passar antes que transportes ferroviários e portuários adequados estejam disponíveis para movimentar o produto para os clientes estrangeiros.
A Glencore e seus operadores globais rivais não são tolos e - para cunhar uma frase – Eles "nunca contam suas galinhas antes de saírem dos ovos".
O Pedra de Ferro não é um "ovo dourado" em qualquer sentido da imaginação. Na realidade, o ovo nem sequer ainda foi botado.
Autor – Roger Moody – Nostromo Research
Traduzido por Ismail Abéde
Críticas e sugestões p/ Roger Moody – ismailabede@ig.com.br
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